O Mestre

Com saudoso mestre Hidaka em 2006 em Ribeirão Preto

Em toda arte, técnica, esporte ou profissão precisamos de aprendizado para obter êxito, o conhecimento e a prática necessária para esse aprendizado vem sempre de alguém que se dispões em nos ensinar, a esse alguém chamamos de mestre, aquele que nos inicia em algum tipo de conhecimento; bem, em determinados campos de conhecimento o mestre significa mais do que um professor que nos ensina uma técnica ou uma prática. A arte de cultivar bonsai é um desses campos de conhecimento, pois trata-se de disciplina que ultrapassa o artístico, o técnico e ganha espaço dentro da filosofia de vida de cada praticante que se aventura neste conhecimento.
Vamos partir do princípio de que o Mestre não é alguém envolto em mistérios milenares, sempre inatingível. Quando chamamos alguém de mestre, em se tratando de bonsai, o reconhecemos como portador de um conhecimento originário, de onde surgem outros também capazes de um dia, transmitir o conhecimento para outrem.
Parece muito simples, mas não é, todo esse processo leva anos, e mesmo assim não quer dizer que o discípulo se tornará um mestre ou apenas mais um “bom bonsaísta” pois existem outros fatores a serem considerados. Se um discípulo adquire conhecimento mas não é capaz ou não está disposto a transmiti-lo então este tratar-se-á de mais um “bom bonsaísta”, se não conseguiu ao menos apreender o conhecimento nem bonsaísta ele é, no máximo ele será um colecionador, aquele que pode, em algumas circunstâncias, comprar exemplares prontos e veja, nenhum deles deixa de contribuir à arte do Bonsai às suas maneiras, mas é sempre o Mestre a impulsionar verdadeiramente o conhecimento e não se ensina alguém a ser mestre, cabe ao discípulo ser capaz e se dispor a ser um dia.
Pois bem, você deve estar perguntando: por que tudo isso ? 
No Brasil e em muitos outros países temos Mestres, colecionadores e temos aqueles que são “bons bonsaístas”, muitos desses “bons bonsaístas” procuram monopolizar o conhecimento da arte para serem reconhecidos e vistos pelos outros como superiores. Agora é fácil entender porque aqueles “bons bonsaístas” do início do artigo não se tornaram mestres, por não transmitirem o conhecimento, só acumulam para si mesmos, estão sempre onde os grandes Mestres se apresentam e continuam acumulando conhecimentos ou adquirirem belas peças, e quem sabe, algum dia, consigam produzir alguns bons exemplares. 
É claro que ninguém é obrigado a se tornar Mestre, e é claro também que existem muitos “bons bonsaístas” que são altruístas, como eu disse é preciso estar disposto a ser um mestre além de ter a capacidade de absorver conhecimento. Mas para que a arte de cultivar bonsai cresça e se desenvolva no Brasil precisaremos de mais mestres e pessoas altruístas e menos de “bons bonsaístas egoístas”, por isso se você está iniciando na arte procure crescer e ser merecedor do conhecimento a você passado por seu mestre, e quando tiver oportunidade, ajude outros a crescerem também para quem sabe um dia, se você quiser e puder, se tornar um mestre.